Crítica | Natur


★★★★☆
4/5

Impressiona a incrível noção de espaço (ESPAÇO - substantivo - es.pa.ço / 1) Extensão ilimitada, infinita, que contém todos os seres e objetos existentes ou possíveis: A nave perdeu-se no infinito do espaço. 2) A região que compreende o sistema solar; o Universo. 3) Região do espaço (1) considerada fora do âmbito terrestre, ou do âmbito do sistema) de Kamaru, artista queniano que atualmente reproduz suas ideias em Berlim. Em Natur, obra que intercala as sinapses situacionais e, às vezes, regionais de sua abordagem que foca em diferentes esferas e momentos de sua vida, contendo suas raízes e o que absorve longe de casa, fica claro que ele cuida de cada pequeno detalhe. Ao justapor seu trabalho a drones e texturas eletrostáticas, que zumbem para o passado e parecem gerar um ambiente interdimensional.

É o tipo de design que chama a atenção não apenas por sua volatilidade em tocar, de forma quase física, nosso eu interior conectado às suas composições, mas também por gerar uma aderência a tudo o que conhecemos sobre música ambiente, seus conceitos estéticos e, sobretudo, fisiológicos. Pode parecer bobo, mas a concentração — que pode ajudar muito na absorção dos ruídos e pequenos chiados que centralizam a dinâmica de caminhar por uma exposição sensorial concebida por meio de peças centradas num minimalismo incandescente — torna-se o fator primordial para percebemos o quão longe Kamaru busca chegar aqui. São longos minutos que parecem variar pouco a pouco, num transe infinito e altamente gustativo, mas que falham em atingir picos que sejam capazes de satisfazer o tom gelado que sentimos quando terminamos de ouvir – e é por isso que Nautur vale tanto a pena.

Selo: Touch
Formato: LP
Gênero: Ambiente / Experimental, Eletrônica

Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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