★★★★★
5/5
Se o grupo britânico não obtinha sucesso em sua sonoridade desde Bloodflowers, Songs Of A Lost World veio para acender novamente a discografia da banda. Com um lirismo focado na introspecção e solidão, o disco mergulha no que The Cure fez de melhor nos anos 80. “Alone”, faixa de abertura, narra um personagem angustiado, com lamentações cotidianas acerca de sua existência, englobando a melancolia num geral apenas para salientar a sensação de se sentir sozinho.
“And Nothing Is Forever” é quase uma súplica pela companhia ou apreço de alguém; mesmo que nada seja pra sempre, pelo menos a lembrança de bons momentos deve prevalecer:
…Promise you'll be with me in the end, say we'll be together and you won't forget, for however far away
you will remember me in time…
Retornando ao mesmo tema, “A Fragile Thing” nos mostra como pode ser impactante sentir reciprocidade após tanto tempo só. A faixa retrata a ansiedade e o temor de um suposto fim de relacionamento, uma espécie de “esse filme eu já vi” exibido pelo vocalista.
Em volta de toda essa temática solitária, a sonoridade soa extremamente nostálgica mas, ao mesmo tempo, modernizada pelas mudanças no rock desde os anos 80, quase como uma reimaginação (mas mantendo a fidelidade) do que The Cure significa para o gênero. Os vocais de Robert Smith impressionam, de modo que nos faz questionar se o homem realmente envelheceu, afinal, soam exatamente igual aos primórdios de The Cure: potentes, apáticos quando necessário e deslumbrantes em momentos de clímax.
O 14° álbum de The Cure pode ser considerado um clássico instantâneo, tanto pela volta às origens quanto pelo tempo que esperamos por uma continuação de 4:13 Dream. A qualidade aplicada aqui, só reforça — mais uma vez — como a banda é importante no cenário gótico. Caso seja o último ato de Robert Smith e companhia (por mais que o mesmo diga que há mais 2 álbuns em andamento), foi um encerramento digno de The Cure: uma verdadeira obra-prima.
Selo: Universal Music
Formato: LP
Gênero: Rock / Gothic Rock