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Já faz um tempo que Steven Ellison, também conhecido como Flying Lotus, vem desacelerando seus raios incandescentes de eletrônica de ponta. Seu som atual passa pela esteira comercial sem nem lembrar o quão visionário ele parecia quando lançou alguns de seus melhores projetos entre 2008 e 2014, condensando o IDM com suas raízes que vinham principalmente do jazz — afinal, sua tia-avó é ninguém menos que Alice Coltrane.
Essa cadência diluída pode ser vista claramente em Spirit Box, EP surpresa lançado recentemente. O disco toma caminhos que parecem fáceis e seguros demais, com a eletrônica (numa superfície house) se misturando com o R&B sem expandir o que cada gênero pode apresentar, como se para pairar sobre um fosse preciso abandonar o outro. O resultado apresenta significados diferentes do que de fato há implícito na ousadia de Steven em pelo menos tentar; é um contrastante em torno de algumas ideias definitivamente interessantes, como “The Lost Girls”.
E se em “Ajhussi” e “Ingo Swann” a eletrônica acena para o passado de ritmos instrumentais devidamente bem criados pelo artista, com um design futurista e ao mesmo tempo analogico, “Let Me Cook” soa impotente e, de certa forma, expansiva demais para os próprios padrões com os quais o vemos criar seus maiores triunfos. Nela tudo soa muito curto, plano e seco – um resumo perfeito de como e onde o projeto Flying Lotus se encontra hoje em dia.
Selo: Warp
Formato: EP
Gênero: Eletrônica / Pop