Crítica | Tudo É No Guetto


★★★☆☆
3/5

O selo Príncipe vem fazendo um trabalho sensacional na curadoria de gêneros de música eletrônica afroportugueseses, como batida, tarraxinha, kuduro e kizomba. A maioria das incursões destes trabalham na transposição de ritmos diaspóricos à produção eletrônica, utilizando das técnicas digitais para expandir e remodelar traços musicais de países como Cabo Verde, Angola, São Tomé e Príncipe e — apenas no que diz respeito às tradições de matrizes africanas — Portugal.

Em Tudo É No Guetto, EP do selo Príncipe, Deejay Veiga explora o gênero batida de uma forma um pouco menos usual. A linha de pensamento do produtor remete a formas mais usuais de se pensar música eletrônica, intensificando os fluxos rítmicos da música house de forma a criar um sistema de coevolução: a progressão de um dos espectros implica, necessariamente, na progressão do outro.

É um álbum que foca nos limites da música dançante e até onde se pode traçar a barreira entre físico e espiritual, deixando um pouco de lado as sensibilidades afetivas e culturais que esses gêneros implicam — algo que se torna um foco em discos como Sai do Coração.

Em faixas como “Boiler Room” e “Tudo É No Guetto”, as melhores do projeto, cada estilo abordado encontra conforto um no outro, de forma a criar uma rede de casamentos e reformulações rítmicas. Quando eu quiser saber como está indo o futuro da música eletrônica portuguesa, irei dar uma olhada no catálogo de Deejay Veiga.

Selo: Príncipe
Formato: EP
Gênero: Eletrônica / Batida, Kuduro

Sophi

Estudante, 18 anos. Encontrou no Aquele Tuim uma casa para publicar suas resenhas, especiais e críticas sobre as mais variadas formas de música. Faz parte das curadorias de Experimental, Eletrônica, Rap e Hip Hop.

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