Uma lista com d.silvestre, Caio Prince, MC Hariel, DJ Blakes, Adame DJ, MC FREITAS ZS, DJ KS 011 e mais!
30.
“Mega assombrada do pânico”
Weird Baile
Weird Baile é uma tag impossível de passar despercebida, responsável por juntar nomes de produtores incontornáveis para o funk hoje. “Mega assombrada do pânico” tem diversos dos elementos que a gente já espera do grupo, seja as acapellas de nomes clássicos do funk contemporâneo, a proposta de englobar elementos da produção (e das regiões) dos diferentes produtores envolvidos, ou o fato de não se levar tão a sério, abrindo margem para experimentações. Tudo isso tá aqui! É importante destacar que, para aqueles que esperam ouvir “BEAT DERRUBA GRINGO 2”, essa música vai decepcionar. Agora, para aqueles que conhecem o projeto, sabem que isso é um bom sinal. Weird baile é uma tag de experimentação, de testes, que faz da coletividade de produtores, da liberdade artística e da capacidade de fagocitar a cultura pop e a cena musical seus pilares, e de novo, tudo isso tá aqui! Em um ano em que o funk cresceu especialmente no seu aspecto experimental e se reafirmou mais uma vez como a música eletrônica brasileira, é sempre um refresco positivo ver nomes que já estão há alguns anos reafirmando essa posição e explorando a sonoridade dando as caras. — Na Pauta
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29.
“FIU FIU DAS NOVINHAS NO CROCODILO”
Mc ZKW e Mc Bibi Drak (Dj Argel, Dj Dayeh, Mu540)
Quem não ouviu “Fiu Fiu das novinhas BDO” esse ano simplesmente não encostou em nenhum rolê que toca funk paulista, e quem não tá sabendo da importância da aparelhagem e do tecnobrega para todos os gêneros da música eletrônica no Brasil, tá moscando. E a música produzida pelo DJ Argel mistura esses dois elementos, ao pegar pegar o som já conhecidíssimo “Fiu Fiu das novinhas BDO” e temperar com toda a sonoridade do tecnomandelody, criando algo único, que transmuta os elementos da música original enquanto incorpora a sua sonoridade e elementos da música eletrônica do norte, e explicitando o processo que o funk faz de melhor. — Na Pauta
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28.
“AUTOMOTIVO CURA HETERO”
Christopher Luz, Kalef Castro, Mc Marie
Num ano em que um DJ do mandela foi exposto por reproduzir símbolos nazistas, “AUTOMOTIVO CURA HETERO” foi o contraponto necessário. Além do automotivo padrão, essa faixa tem um sentido temático extremamente refrescante ao condicionar sua narrativa a uma experiência LGBTQIAP+, e claro que isso se daria em parte por Kalef Castro, que já havia ganhado espaço ano passado com o hit “Catucadão”. Dessa vez, porém, ele conta com a ajuda de Christopher Luz e Mc Marie para ampliar sua abordagem centrada em uma perspectiva insurgente da comunidade, e mostrar que o funk também é nosso lugar. – Matheus José
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27.
“AI MEU 6UwU”
Amante
Há coisas que só podem ser explicadas sentindo-as. “AI MEU 6UwU”, destaque do DISTORCE TÍMPANO, pode soar literal por conter elementos suficientes para distorcer qualquer tímpano, mas é tão caótica quanto surreal em termos de uso de amostras e em condizer com a proposta do álbum, que realmente se completa apenas por existir e ser sentida. Amante é um nome para ficar de olho – poucos artistas têm esse entendimento básico quando se trata de dar ao funk o significado que ele precisa. – Matheus José
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26.
“TUIM SEDUZ NOIA”
SOBRAW X POPO
É bem provável que você nunca tenha ouvido essa música antes, mas o Aquele Tuim teve a chance de ouvi-la com exclusividade, e ela não poderia ficar de fora da lista. "TUIM SEDUZ NOIA" de SOBRAW e POPO é o resultado de uma parceria entre dois DJs de Indaiatuba, que começaram brincando com samples. De uma simples experimentação com sons, surgiu algo que extrapolou os limites do que era esperado. A faixa é um exemplo de como o funk como gênero se revela com suas infinitas possibilidades de produção e experimentação. Aqui, o funk se desvia de uma visão limitada e se abre para novas camadas e formas, em que sua construção extrapola o óbvio, criando uma experiência que vai na contramão do que as pessoas entendem como teoria musical. O resultado? Uma narrativa infinita que só o funk poderia proporcionar. É um ótimo começo. — Brinatti
25.
“APHEX TWIN 2”
MAKHNO
A singularidade de MAKHNO é o para-choque que estende suas criações a um nível de interpretação que transcende as barreiras convencionais do funk paulista. Se alguém me perguntar o que é “tuim”, mostrarei que “APHEX TWIN 2” é tuim e que MAKHNO sabe fazê-lo como ninguém — mesmo quando se concentra em denunciar, questionar e prestar um importante serviço ao alocar referências externas à putaria e à alucinação dos bailes funk. – Matheus José
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24.
“Não Vou Namorar”
DJ WS da Igrejinha, DJ JOÃO PEREIRA, Mc Dudu Sk, MC TH DA SERRA
Assim como “Me Fazendo Delirar”, “Não Vou Namorar” é outra faixa que descentraliza os temas amorosos no funk. Sua ideia, porém, além da composição de uma melodia que converse com o fraseado dos MCs, está na fusão de forças entre os artistas aqui creditados, e isso inclui a principal magnificência de DJ WS da Igrejinha em reduzir tudo o que pode para engrandecer o que deve. – Matheus José
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23.
“Tuim Forte vs Rock Endiabrado”
mc marisa, MC Rhay, DJ CAPONE O MLK DOS MANDELA
Não importa quanto tempo passe, o tuim sempre será a batida mais inconsistente, tortuosa e descompromissada do funk. É tudo de ruim – para quem odeia – que o gênero pode ter – eu adoro. “Tuim Forte vs Rock Endiabrado” é um dos melhores exemplos de todos esses defeitos (belos defeitos) do tuim em seu poder máximo de destruição, caos, estresse, ansiedade, dor de cabeça e diversão. – Matheus José
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22.
“Autobruxaria”
DJ MAVICC, Mc Danflin, Mc Poneis, DJ TENEBROSO ORIGINAL
Há momentos em “Autobruxaria” em que o som se torna, de certa forma, insuportável para seguir qualquer linha de raciocínio sobre sua composição. Isso é um sinal de que o DJ MAVICC está no caminho certo. Aqui, ele mistura seus dois pontos fortes que unem uma profundidade de experimentação, com ideias muito populares, dadas através dos MCs presentes. O resultado é extraordinário, pois parece chegar ao mesmo ponto se houvesse apenas uma versão instrumental feita para penetrar em nosso âmago e causar vertigem. – Matheus José
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21.
“Mandelãoworld”
DJ Blakes, MC MEDUZA, Mc Santt, MC Oliveira
Uma faixa que representa o reaproveitamento constante – no melhor sentido – do funk. “Mandelãoworld”, do DJ Blakes com MC MEDUZA, Mc Santt e MC Oliveira, tem seus pés em todos os universos explorados pelo DJ ao longo de seu excelente álbum Mandelãoworld, que não foca apenas no Mandelão e seu entorno, mas na própria união de fatores estéticos que constroem esse espaço e como isso se reflete na sonoridade cada vez mais expansiva nos bailes. – Matheus José
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20.
“Mtg Praça Piano 500 Vagabundo”
keu
O que há de mais interessante em "Mtg Traça Piano 500 Vagabundo" é a linearidade dos dedilhados de piano e o vuk vuk, uma onomatopeia que gera impacto, amarrando-se à exaltação do ritmo, marcando o tempo e acrescentando uma nova dimensão à música. Essa base complementa e estrutura o funk de forma melódica, contrastando com o estilo repetitivo e direto. A exploração melódica aqui se afasta do controle rígido, partindo para um som instintivo e sem grandes moderações, ampliando as possibilidades criativas do gênero. — Brinatti
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19.
“Senta e Relaxa”
DJ Guina, MC Desenho, Mc Vuk Vuk
O trabalho instrumental do último álbum do DJ Guina é um dos melhores do funk nos últimos tempos. "Senta e Relaxa" é o exemplo perfeito de como essa intensa organização de sons, instrumentos, batidas, elementos sintéticos e orgânicos pode ser alcançada em uma única produção. A percussão que toma conta da faixa, por exemplo, faz agrado pro beat macumbinha que parece pronto para virar tendência nos arredores de São Paulo depois de já ter tomado conta de quase tudo no Rio de Janeiro. Você vai ter que esperar para ver. – Matheus José
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18.
“Toca Pancadão”
GP DA ZL, MC RN Original
A faixa "Toca Pancadão", de GP da ZL e MC RN Original, revela um crescente turbilhão de energia, com uma evolução que não se limita aos padrões esperados. O DJ manipula os efeitos de forma a ultrapassar suas próprias construções, criando uma progressão que mantém a música vibrante e cheia de movimento. O kick distorcido adiciona uma textura crua e agressiva, aumentando a densidade sonora e intensificando a sensação de peso, como se o som estivesse prestes a explodir. Esse elemento transforma a música em algo mais imersivo, tornando-a impossível de ignorar. — Brinatti
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17.
“Tropa do 157”
DJ K
A crítica ao novo álbum de DJ K destaca uma estranheza que o afasta ligeiramente do impacto do álbum anterior, embora ainda existam momentos que nos deixam diante da genialidade de produção do artista, como “Tropa do 157”. Defino a sensação que tive no primeiro momento e que ainda possuo como imagético, e o motivo disso se dá pela forte imagem mental e sensorial, que me coloca diante de uma experiência intensa — é como se eu estivesse dentro da música, sendo absorvido e transportado para outra realidade. Essa música, especificamente, parece ter algo único, em que o ouvinte se perde no ritmo e na melodia, acompanhando um “narrativo” que prende e, ao mesmo tempo, é envolvido por um agudo incessante que cria uma “tensão intensa”, mas que é agradavelmente perturbadora. — Brinatti
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16.
“Fup Vral”
Dj Anderson do Paraiso, MC Code, Sarah Guedes, Mc Paulin do G
Tudo o que precisa ser dito sobre o trabalho incrível do DJ Anderson do Paraiso com samples e colagens nada óbvias em 2024 já foi dito. Mas o quão agradável e brilhante é o produto final dessas produções, como “Fup Vral”, raramente é falado – e sentido. É uma faixa para literalmente sentir (seu ritmo invadindo seus ouvidos), com sua leveza massiva e silenciosa ao mesmo tempo, além de um apelo extremamente pontual, com tempo de ir e vir, dispensando excessos temáticos. – Matheus José
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15.
“Sequencia das Novinhas”
DJ MAVICC, Mc Gw, Mc 7 Belo
É impossível não destacar a criatividade de DJ MAVICC e sua habilidade em integrar elementos variados dentro do gênero. Sempre digo que o funk e o sample têm uma relação íntima, e é extraordinário como o funk busca essa conexão em quase todos os momentos, incorporando-a em novas produções. Frases como "novinho eu estou doidinha pra foder com você" ou a incessante "senta na cabecinha" são exemplos claros dessa prática fundamental, que moldou significativamente a criação musical. Essa abordagem transforma elementos já existentes em algo único, referenciando outros artistas e músicas, criando um diálogo e homenageando aqueles que vieram antes — deixo claro que é a forma a qual eu enxergo. Isso é claramente visível em "Sequência das Novinhas", de DJ MAVICC, em parceria com MC Gw e MC 7 Belo. A faixa além de homenagear a cena dos bailes, também demonstra a constante renovação do funk. — Brinatti
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14.
“CYPHER DA BOLHA”
th4ys, Yuri Redicopa, DJ Caio Santos, Bia Soul. Cunha, Hidvn
Depois que nomes como DJ Ramon Sucesso fizeram casa no beat bolha, tornou-se cada vez mais comum ver o beat ganhar tratamentos diferentes ou até mesmo incluir ideias que de alguma forma descentralizassem suas marcas de DJs novos ou antigos. “CYPHER DA BOLHA”, de th4ys com Yuri Redicopa, DJ Caio Santos, Bia Soul. Cunha e Hidvn, é uma das melhores faixas a brincar com o beat bolha depois dessa recente expansão. É um tremendo exemplo de como dinamizar os aspectos fulminantes desse beat, com versos e ritmos tão naturais quanto divertidos. – Matheus José
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13.
“Me Fazendo Delirar”
Mc Menor MT, DJ Gbeats
Algumas pessoas acham que funk é só putaria, a natureza fogosa de relacionamentos instantâneos e puramente sexuais – mesmo sabendo que isso não é verdade, já que há, inexplicavelmente, muito amor em tudo isso. Prova disso é “Me Fazendo Delirar” do Mc Menor MT, uma faixa em que o amor se reflete em sua própria construção rítmica, que assume uma velocidade média e doce de uma forma incrivelmente contagiante, com os vocais do MC caminhando ao lado da melodia e da batida cheia de estalos. É brilhante. – Matheus José
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12.
“Exterminador do Submundo”
NCCO, DJ FERRARI DO TS
“Exterminador do Submundo” é a extrapolação dos limites. NCCO abraçou sua proposta, e é evidente como se aventurou na criação dessa faixa que complementa o álbum. As texturas ásperas e abrasivas reforçam brutalidade e agressividade; tudo soa distorcido, saturado, com mudanças abruptas e altamente consistentes, refletindo a mente desconexa do artista. Embora menos sombria, a faixa mantém uma linearidade que cria urgência: tons menores e intervalos incomuns intensificam o desconforto. Com firmeza, NCCO desafia o discurso conservador que vê o funk como um tormento, tornando-o ainda mais presente e intenso. — Brinatti
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11.
“Set Derruba Submundo”
DJ LK Da VB, DJ BONEKINHA IRAQUIANA, DJ Dayeh, Mc Gw
Nada define melhor "Set Derruba Submundo" do que a palavra "sinistro". É uma experiência absurda e fora do comum, em que se revela a habilidade de explorar as profundezas dos bailes e extrapolar os limites do funk. Essa ideia de afirmar e reafirmar que o funk não tem limites já se tornou uma rotina para mim, e nada pode mudar essa percepção. A sensação é de um ataque nervoso iminente, com barulhos ensurdecedores e batidas distorcidas que criam uma paisagem onírica e alucinatória. Os ganidos agudos intensificam essa experiência, fazendo com que você sinta que seus ouvidos vão estourar a qualquer momento – nada é mais satisfatório do que isso; é o funk em sua forma mais pura, representando sua finalidade e o que o define. — Brinatti
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10.
“Assobio Derruba Heliópolis 2.0”
DJ KS 011, Mc Magrinho, Mc Gw, DJ Lukinhas 07
Assobio Derruba Heliópolis 2.0 apresenta um crescimento progressivo que deixa o ouvinte quase hipnótico. A grande questão que paira é: até onde esse som pode nos levar? Totalmente imersivo, o movimento constante e intermitente da faixa evoca uma energia em espiral, com a intensidade crescendo gradativamente, nos transportando para os bailes de rua. É o funk em sua forma visceral, desdobrando-se em camadas e gerando impacto ao nos prender em sua dinâmica. — Brinatti
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9.
“Passaros Safadinhos do Helipa”
MC FREITAS ZS, Dj Robin 017, Game Records
Não há como começar este texto sem compartilhar a descoberta que foi MC Freitas ZS. Seus dois primeiros álbuns, Destroi Infância e Inimigos do Silêncio, já indicavam a direção que ele vinha tomando. Contudo, foi em Expedição à Terra do Funk que ele se revela de forma ainda mais contundente na cena. A faixa "Pássaros Safadinhos do Helipa", apesar de curta, carrega uma expressividade impressionante. No começo, fiquei totalmente envolvido e pela forma como a música foi construída. Ela começa com um canto que remete à Princesa Fiona, personagem de Shrek, enquanto ela e os pássaros cantam, criando uma sensação de que, a qualquer momento, algo vai acontecer. É como se os pássaros estivessem prestes a explodir devido ao aumento da intensidade da progressão do som — o que não ironicamente acontece no filme, mas aqui soa ainda mais interessante. O momento mais marcante ocorre quando, de forma quase despretensiosa, a frase "Ah, passarinho do caralho" é dita. A partir daí, o som se transforma, trazendo um impacto inesperado, com um agudo cortante que prende nossa atenção, acompanhado de um beat de assobio destruidor que quebra totalmente as expectativas. Tudo que gira em torno da música é surpreendente. — Brinatti
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8.
“Bolhas Makiavélicas”
d.silvestre, MC LELE 011, Yuri Redicopa
“Vamo acordar, filho da PUTA1#%6¨62(SJ@%” é talvez uma das tags virais de funk mais divertidas dos últimos anos e nem preciso dizer o porquê. Depois que d.silvestre a usou aqui, ela virou tendência tanto no TikTok quanto entre os sets de funk e na produção de faixas por DJs independentes que souberam aproveitar cada mínimo elemento trazido com a força de compressão única do movimento. Mais do que isso, “Bolhas Makiavélicas” é uma das atestações dos absurdos testados no álbum mais recente do DJ, sua obra-prima, D.Silvestre. – Matheus José
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7.
“Acidddd”
Adame DJ
Destaque absoluto de Músicas para ouvir antes do rolê, “Acidddd” é a boa perdição do funk na música eletrônica. Sua construção é claramente, como o título sugere, acentuada por um ritmo rápido e energético que faz alusão ao acid, frequentemente usado em estilos que combinam gêneros sob a ótica do “squelching”. Aqui, Adame DJ faz algo parecido, mas sua mixagem acerta ao seguir por caminhos nada óbvios entre o que seria essa mistura de “acid funk”, e depois do que parece ser um refrão (um refrão também nada óbvio), o chamado para a o beat serie gold se torna o ponto de fusão perfeito para exemplificar tudo o que ele faz aqui. – Matheus José
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6.
“FE!N Mandelão”
DJ Blakes, MC Sapinha
Não é de hoje que o Funk Mandelão tem se afirmado como um dos gêneros mais importantes entre os jovens, especialmente em São Paulo, embora sua influência já esteja se espalhando para outras regiões. Com batidas marcadas e um ritmo pulsante, o estilo segue se adaptando e se renovando, sempre refletindo os bailes de rua e a vivência da periferia. É impossível não destacar como sua produção se caracteriza pela experimentação, liberdade criativa e pela integração com outros gêneros, como trap e hip hop. A faixa "FE!N", de Travis Scott e Playboi Carti, do álbum UTOPIA, foi adaptada por DJ Blakes, e, diga-se de passagem, ficou muito mais interessante. O DJ trouxe uma versão ousada que se encaixa e se cadencia perfeitamente no ritmo do funk. Essa releitura é um exemplo claro de como o Funk Mandelão continua buscando variedade e expansão, misturando influências de diferentes estilos e criando novas possibilidades. — Brinatti
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5.
“Até o Sol Raiar”
MC Hariel
O topo do funk paulista. “Até o Sol Raiar” soa tão ajustado ao “mainstream” da cena que sua existência recupera quase que exatamente alguns padrões repetitivos e óbvios (o dedilhar de cordas sintéticas que grita rasteirinha da metade da década de 2010), mas que aqui soam incrivelmente cortantes diante da descontração que Hariel propõe de forma tão leve quanto pop. É uma das faixas mais viciantes do ano e certamente um conjunto completo e assertivo do que representa como sendo acessível e extremamente referencial. – Matheus José
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4.
“Botando (Útero Baixo)”
DJ Caio Prince, MC Luanna, Mu540, DJ Thiago Martins
Demorou, mas "Botando (Útero Baixo)" finalmente foi lançado no meio do ano – e, vale dizer, a espera valeu a pena. A música sempre foi um pedido recorrente dos fãs de Caio Prince, que brincavam dizendo que ela era um refém do artista. O ritmo, ora acelerado, ora mais espaçado, cria uma dinâmica intrigante, que parece "bater no peito", alternando com momentos de maior intensidade. A linguagem direta, sem rodeios, reforça ainda mais esse lugar provocativo, tornando "Botando (Útero Baixo)" uma faixa que, além de contagiante, é impossível de ignorar. É uma daquelas músicas que não só pedem para ser ouvidas, mas exigem ser sentidas – um verdadeiro destaque na cena. — Brinatti
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3.
“Vilão da Mídia!”
Kyan, Mu540
2024 tem sido um ano e tanto para Kyan. Depois de um álbum de sucesso, ele chega com um dos provavelmente melhores refrões do ano. Provavelmente porque o que ele e seu parceiro Mu540 fazem aqui supera — e de longe — o que fizeram ano passado com o álbum UM Quebrada Inteligente. É o tipo de coisa que tem uma pegada rara, seja na rima, seja no elemento estilístico central usado (no caso, o house) para guiar o ritmo que soa muito familiar devido ao contexto do funk. – Matheus José
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2.
“Relaxa a Bct Mulher”
DJ NATHAN RV, DJ Blakes, MC Roba Cena
Você já deve ter ouvido "Relaxa a Bct Mulher" em algum lugar do TikTok ou mesmo em festas e grupos de amigos. Mas, para além das plataformas digitais, a música se firma como um exemplo de performatividade e transgressão. É uma faixa que desafia normas e padrões de moralidade muitas vezes atribuídos à música, especialmente ao funk. Suas quebras rítmicas, ora abruptas, ora fluidas, são um convite à hipnose sonora, uma experiência que beira o experimental. O "fininho irrita professor", por exemplo, quando repetido incessantemente, pode soar irritante para alguns, mas carrega uma força hipnótica que reforça a identidade crua e direta do funk. Ao ouvir "Relaxa a Bct Mulher", somos levados a questionar até onde o funk pode ir — e a resposta é que ele vai para onde quer. Ele é expressivo, transgressor — como dito anteriormente — e, acima de tudo, livre. – Brinatti
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1.
“Taka Fogo em Kiksilver”
d.silvestre, MC MTOODIO, MC LELE 011, Dj Pablynh da 017
Em “Taka Fogo em Kiksilver”, d.silvestre mostra que nada, absolutamente nada é capaz de conter a força magnética do funk ao se retroalimentar do conceito básico de que a música, ao contrário do que muitos pensam, não surge do vácuo e tampouco deve ser, em sua máxima idealização, algo 100% original. A faixa começa como uma reimaginação de “TACA FOGO EM QUIKSILVER, SÓ MENOR ESTELIONATÁRIO”, de DJ JOHN ZN, MC MTOODIO e strong mend, lançada no ano passado. Mas sem se apegar a fórmulas, d.silvestre e os demais aqui creditados — MC MTOODIO, MC LELE 011 e Dj pablynh da 017 — se propuseram a deixar evidentes seus próprios sinais. É um esforço criativo tão feroz e estridente, que a atmosfera gerada pela transformação, vejam-se as excelentes adições, parece guiar-nos para um terreno pouco explorado nesta recente onda de extremismo sonoro do funk. É como se os momentos de percussão, secos e misturados com a explosão da base, dessem lugar a um efeito anterior aos arrastos do hardcore industrial, mais melódico do que nunca e tão sombrio quanto se possa imaginar, dando espaço para que através disso saiam uma dezena de interpretações, mas sem deixar de ser, obviamente, o funk em sua objeção mais firme. É da pura. – Matheus José
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