Crítica | I Forget Everything


★★★☆☆
3/5

Em I Forget Everything, a dupla de avant-pop formada pela harpista Marilu Donovan e pelo vocalista/violinista Adam Markiewicz cruzam caminhos antes mantidos a sete chaves, tanto na forma como compõem para si quanto em inúmeras colaborações que incluem Ecco2K, Varg2TM, Julie Byrne, Okay Kaya, Claire Rousay, Martha Skye Murphy, Deli Girls, James K e outros.

O EP parte das ruminações da dupla por espectros dissonantes de sons e estilos, tornando sua vibração musical parte da música folk e ambiente, ao mesmo tempo em que constroi caminhos adornados com elementos da música eletrônica e composições líricas cuja densidade e apreciação temática atravessam grossas e robustas paredes do tempo. É como se, num acesso ao passado, ouvíssemos os instrumentais aqui contidos ecoando em uma floresta próxima a uma vila bucólica, tomada por um nevoeiro e uma atmosfera constante de soturnidade, como em “Mia”.

É uma das obras mais viscerais do ano, em termos da experiência geral proporcionada por sua composição. É também um exemplo de como LEYA soa descompassado — no sentido positivo do termo — com qualquer ideia pré-estabelecida de sua obra. A materialidade com que essas ideias foram transmitidas está embutida em cada pequeno detalhe de I Forget Everything, e somente uma escuta atenta pode fornecer o gancho mental que temos ao longo de sua duração, que definitivamente nos faz esquecer de tudo. É um espetáculo completo, comprimido em apenas dezoito minutos.

Selo:
NNA Tapes
Formato: EP
Gênero: Experimental

Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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