Crítica | Saisons


★★★☆☆
3/5

Há, em Saisons, uma presença muito forte do piano em todas as faixas, sendo um dos elementos norteadores do álbum, no qual a artista trabalha com as diferentes abordagens que o instrumento pode oferecer. Alice Hebborn explora, em sete faixas, uma relação entre elementos sonoros mais ligados ao orgânico, que transmitem a sensação de sons etéreos, suaves e limpos, e elementos sonoros mais modificados que, curiosamente, são utilizados de forma a engrandecer os sons orgânicos, criando mais uma mistura do que um contraponto.

O conceito do álbum não apresenta uma autenticidade extrema, e isso se reflete na obra como um todo. Produções instrumentais demandam um cuidado especial no processo criativo, caso o objetivo seja criar um trabalho realmente interessante. Em Saisons, faltam traços de personalidade mais evidentes. A faixa “Mouvement 3” é a mais diferenciada. É uma música eufórica, com uma abordagem mais explosiva, e traz uma quebra abrupta no caminho que as duas faixas anteriores haviam traçado. Isso adiciona certa versatilidade ao som, cujo sentimento de euforia se limita aos primeiros minutos, como uma tempestade de areia que se acalma com o tempo.

“Mouvement 6” é um dos destaques do álbum. Ela ilustra bem a mescla mencionada anteriormente e, além disso, apresenta uma construção gradual que parece atingir nossas frequências mentais profundamente. A faixa também insere toques de psicodelia que fogem um pouco do eixo do álbum, mas sem causar incômodo. Por fim, “Mouvement 7” tem uma composição mais soturna e obscura, que consegue cativar e encerrar o trabalho com um tom adequado.

Selo: Western Vinyl
Formato: LP
Gênero: Música Ambiente

Antonio Rivers

Me chamo Antonio Rivers, graduando em História, amazonense nascido em 2006. Faço parte do Aquele Tuim, nas curadorias de Experimental, Eletrônica, R&B e Soul.

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