Crítica | Shawn


★☆☆☆☆
1/5

O uso da intimidade para construir álbuns é muito comum na indústria, e Shawn Mendes usa esse artifício para compor, segundo ele, seu álbum mais íntimo e vulnerável. Mas Shawn, seu novo LP, é um exemplo de que usar o falso sentimento bucólico do folk e falar sobre os “grandes problemas” de um homem branco e rico na sociedade pode ser simplesmente desnecessário e chato.

A jornada deste disco tenta explorar narrativas sobre pressão familiar, a busca do autoconhecimento e sua vida amorosa – surfando em polêmicas. O que torna Shawn entediante é a incessante tentativa do artista em mostrar o quão muitas de suas histórias são profundas, como dramatizar potencialmente seus relacionamentos passageiros (“In Between”) ou contar sobre situações íntimas o suficiente para que o ouvinte tenha a falsa sensação de proximidade (“The Mountain”). Mesmo que haja uma identificação em alguns instantes, ainda estamos falando sobre um artista privilegiado em uma enorme indústria, onde o “próximo” não é realmente próximo.

Shawn é o claro exemplo de álbum falsamente intimista, um LP que vende confrontos externos – até mesmo midiáticos – como se fosse algo genuinamente pessoal, lembrando muito o que Taylor Swift faz, e que pesou a mão em seu mais recente disco, The Tortured Poets Department. Shawn é uma obra que tenta ser profunda, densa e melancólica em certas ocasiões, mas cai na mesma armadilha dos álbuns com temas pessoais de hoje em dia: tenta ser muito mais autoral do que aparenta, mesmo que seu conteúdo seja extremamente simplista.

Selo: Island Records
Formato: LP
Gênero: Pop

Lu Melo

Estudante de Jornalismo, 18 anos. Amante da música e da cultura pop desde a infância. Escreve para o Aquele Tuim, integrando a curadoria de R&B e Soul.

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