Os melhores discos brasileiros de 2024



Uma lista com d.silvestre, Caxtrinho, Luiza Brina, Céu, Liniker, Dora Morelenbaum, Teto Preto, MC FREITAS ZS, Matuê e mais!


A lista dos melhores discos brasileiros de 2024 destaca a diversidade e a riqueza da música nacional. Entre os destaques, o funk de d.silvestre se sobressaiu com batidas inovadoras e impactantes. Luiza Brina encantou com seu folk introspectivo e poético, consolidando seu espaço na cena musical. O rock com acenos ao experimental e baseado no samba de Caxtrinho trouxe uma energia vibrante e autêntica, resgatando elementos clássicos com uma pegada moderna. Esses artistas são peças-chave que marcaram o ano com suas contribuições únicas.




30.
Colinho
Maria Beraldo


Colinho se sustenta pela sua identidade eclética, começando por um estilo, trocando e voltando sem parar em seus 40 minutos de duração. Se apresenta de um jeito, e metamorfoseia-se diversas vezes, dentro de seu contexto. É o melhor trabalho de Maria Beraldo até hoje, porque, no fundo, tem uma ausência de definição. Há jazz, pop, punk, samba e música de vanguarda – todos executados organicamente. O resultado é esplêndido — Vinicius Corrêa




29.
Gambiarra Chic, Pt. 1
Irmãs de Pau


Irmãs de Pau criam uma energia eloquente no ouvinte a cada batida, cada frase e sensualidade que é exalada no EP Gambiarra Chic, Pt. 1. A dupla joga na sua cara que funk e hip hop também são lugares para travestis. O EP traz uma produção energética, que pode ser vista através de versos divertidos em que elas trazem o melhor dos dois mundos: sensualidade, força e a luta do mundo travesti com a loucura e energia que só o funk pode proporcionar. — Lu Melo




28.
Estopim
Chico Chico


A "Enciclopédia da Música Brasileira" é como escolhi descrever e nomear Estopim, de Chico Chico. Uma multiplicidade de sons que penetra as camadas urbanas e também abraça a tranquilidade das florestas nativas; abrange celebração, solidão e também reflexão. Navega por todos os cantos do Brasil em sua continentalidade e, principalmente, abraça o mais importante da música brasileira; a essência inerente do brasileiro: ser, estar e viver no lugar mais culturalmente diverso do mundo. — Joe Luna




27.
Faz o M
DJ MAVICC


Faz o M, de DJ MAVICC, é um exemplo perfeito das evoluções estéticas do funk paulista, destacando-se como uma verdadeira liturgia dos bailes. Com uma produção que explora samples de forma contida e longe da total obscuridade do beat bruxaria (embora presente aqui em momentos como “Autobruxaria”), o DJ cria seu próprio mundo de dissonância, absurdos sonoros e líricos, sem deixar de lado a fusão com infinitos modelos de beats que estreitam laços entre o passado, presente e futuro do gênero. — Matheus José




26.
A Assembleia Extraordinária
Rod Krieger


Excepcional, Rod Krieger faz em quase 25 minutos, em nove músicas, a junção da poesia com o space rock. Intensidade é sinônimo do álbum onde Rod gravou praticamente todos os instrumentos. Muitos que estão exilados ficam até meio desnorteados, mas Krieger fez do seu autoexílio um belíssimo trabalho. Entre recortes e texturas, a viagem guiada por ele faz deste álbum se tornar um clássico. Para quem for ouvir, fica aqui o meu "Boa Viagem". Você não irá se arrepender. — Victor Persico




25.
Oh Guina
DJ Guina


No ano passado DJ Guina se destacou com o disco É Ele Né, uma exploração criativa do funk na enésima potência. Em 2024 não seria diferente, com alguns trabalhos pontuais no ano, chegamos no lançamento de Oh Guina, onde implementou novidades ao seu som com uma experimentação mais voltada para bases inspiradoras novas, assim apresentando uma evolução artística ímpar — o que já se manifestava nas estruturas de seu trabalho anterior, entretanto, concretizado de maneira incisiva neste projeto. — Joe Luna




24.
Mandelãoworld
DJ Blakes


Mandelãoworld é uma das grandes culminâncias da roubofonia do ano, desmantelando sonoridades familiares aos nossos ouvidos de uma forma só encontrada no funk. As músicas de Playboi Carti e Travis Scott são devoradas pelo DJ Blakes como base para uma criatividade interminável em explorar estrutura musical — não tem refrão, mas só tem refrão, etc. — e os limites do experimentalismo na música popular. O produto final — “Universo do Mandelão” e “Sicko Mandelão” — é muito mais que satisfatório — Sophi




23.
Não Leve a Mal
PLUMA


Não Leve a Mal, primeiro álbum completo da banda paulistana PLUMA, é um dos trabalhos mais solares da música brasileira em 2024. Há muito de Marcos Valle e Tim Maia, o boogie oitentista com o sophisti-pop, mas não está perto do som do século passado. Em certos momentos, é criada uma roupagem psicodélica e atmosferas do bedroom pop, com o gingado tipicamente brasileiro. — Vinicius Corrêa




22.
Topo da Minha Cabeça
Tássia Reis


Topo da Minha Cabeça é a tradução, em música, do olhar de Tassia Reis para si. Se em Próspera (2019), trabalho antecessor, a cantora parecia voltar-se majoritariamente para questões externas, dessa vez a introspecção é o sentimento mediador, abrindo espaço para versos que dialogam com a ancestralidade, o candomblé e os desafios da mulher negra. O samba é o grande escolhido para vestir as composições, mas há outros ritmos homenageados, provando como nunca a versatilidade da artista. — Raquel Nascimento




21.
No Reino dos Afetos 2
Bruno Berle


Contido por faixas descartadas do seu disco de estreia, Bruno Berle propõe uma obra robusta de continuação com No Reino dos Afetos 2. Persuadido pela perspectiva irresistível do amor, ele apura a natureza sensível de suas canções apaixonadas sem perder a magia, através da confluência do dedilhar doce do violão com novas camadas eletrônicas mais aparentes. — Felipe




20.
In.corpo.ração
Jup do Bairro


Manifesto de Jup do Bairro, in.corpo.ração, marca o seu ritmo através de passagens sutis entre instrumentos musicais de concerto e experimentação eletrônica, que se misturam avidamente com as batidas agressivas do funk como um caminho único. Essa unidade ocorre porque a colagem de sons exerce seu peso em oposição aos sinais de delineamento, fazendo da atenuação um meio pelo qual os fragmentos musicais atingem seu potencial máximo. — Joe Luna




19.
Uma Noite no Luna Park (Ao Vivo)
Rita Lee


Em seu primeiro show na Argentina, em um portunhol que tem o mesmo efeito de Julio Iglesias falando português (piada dela), Rita Lee entrega um show sentimental, que aquece o coração e com suas versões de músicas ao vivo. Além disso, a participação de Charly Garcia abrilhanta a noite. Que venham mais novidades e lançamentos deste tipo. — Victor Persico




18.
Taurus, Vol. 2
Duquesa


Não é à toa que Duquesa tem ganhado notório espaço na cena mainstream do rap atual: seu mais recente álbum é uma obra-prima do gênero. Em Taurus, Vol. 2, Duquesa é desabafo e diversão. Identificação e empoderamento. Gostosa e inteligente. Irreverência e didatismo. Potência, deboche e compartilhamento. Tudo isso esbanjando capricho na composição, no flow, na produção e na escolha das parcerias. — Raquel Nascimento




17.
ELÃ
Reiner


O disco de estreia de Reiner é tudo o que as tentativas sudestinas de estereotipação regional mais temem: o tato genuíno e consciente sobre a sua própria vivência e realidade. Entre carimbó, tamborzão, congo e outra infinidade de possibilidades sonoras, o paraense quer tratar de afetos e de como eles se imbricam entre si. ELÃ é, acima de tudo, força vital. — Felipe




16.
Amaríssima
Melly


Amaríssima é excelente na fórmula e no conteúdo, expõe uma certa coesão ao mesmo tempo que exala originalidade. Melly, sendo uma pequena artista, conseguiu trazer o que poucos artistas notáveis no Brasil conseguiram. Ela parte de uma sinceridade única, um sentimentalismo inato e uma completa integração no processo criativo da obra que se expande pela relação respeitosa com sua artisticidade.— Lu Melo




15.
Expedição a Terra do Funk
MC FREITAS ZS


Se formos pensar o funk como espaço possível de metalinguagem, Expedição a Terra do Funk é esse exercício que tende à literalidade. São cacofonias e peças delirantes que se interligam pelo mesmo material-base: ideias e samples que são tão caricatos quanto absurdos, que unem passado e presente, criação e criador. — Felipe




14.
Guabiraba, Chicago
Paulete Lindacelva


O primeiro contato com Guabiraba, Chicago, foi como se o som me envolvesse de tal forma que, por um instante, o mundo ao redor desapareceu e só restou o meu eu imerso. Após 10 anos de atuação nos palcos, Paulete Lindacelva dá um importante passo ao mesclar influências do ballroom e da música house, incorporando também elementos da cultura brasileira, como o coco e o samba. Sua obra celebra a identidade e os corpos diaspóricos, o queer e as referências das festas undergrounds. — Brinatti




13.
FALA
Teto Preto


FALA é a consumação da força que Teto Preto tem de vagar por um instinto temático que tem como foco, da sua concepção à sua execução, a vida noturna predominantemente da cidade de São Paulo, mas que por questões de linguagem — a própria ideia de se encaixar com um grau de liberdade em qualquer situação que siga essa predisposição — se torna, mais do que nunca, frequente e adaptável a inúmeros contextos. — Matheus José




12.
333
Matuê


Não é por acaso que Matuê é o principal nome do trap nacional. Em uma cena que se repete com frequência, o cearense consegue se reinventar e implementar suas referências para fazer com que seu som seja único e se destaque. Versátil e intenso, domina as faixas com facilidade, começa familiar, conquista o ouvinte aos poucos até embarcar na psicodelia “correndo atrás do som”. 333 é o êxito de um artista que não hesita ao seguir sua visão, e é exatamente o que posiciona Matuê no patamar que está. — João Agner




11.
OS GAROTIN DE SÃO GONÇALO
Os Garotin


O Garotin, em OS GAROTIN DE SÃO GONÇALO, traz a música brasileira com uma nostalgia envolvente dos anos 2000. O álbum é bem distribuído pelos vocais dos integrantes, que são recheados de inspirações variadas de grupos de R&B brasileiros, como Fat Family. O resultado é um LP plural e assertivo, que se afasta do clássico e flerta com o funk e o samba. — Lu Melo




10.
Pra você, Ilza
Hermeto Pascoal


O álbum, composto por 13 faixas, dissipa a doçura pela nostalgia, com o saxofone vociferando a paixão e o piano guiando a memória. É um dos raros casos em que o sentimento está intrinsecamente ligado ao fazer, e é por isso que cada uma das composições aqui soa justa e adequada ao seu autor, que vai “Do Rio Para Recife”, dos “Seus lindos olhos” ao “No topo do morro de Aracajú”. — Matheus José




9.
PIQUE
Dora Morelenbaum


Quem acompanha o trabalho de Dora Morelenbaum desde o início, antes até do projeto Bala Desejo, já imaginaria que seu primeiro álbum solo seria um lançamento grandioso. PIQUE, mais do que fazer jus às expectativas, vai além e busca superá-las, revelando um passeio calculado e elegante por sons que remetem a produções de brasilidades dos anos 1970, tudo orquestrado por um time de peso — Sophia Chablau e Tom Veloso nas composições, Ana Frango Elétrico na coprodução, entre outros ótimos nomes. — Raquel Nascimento




8.
CAJU
Liniker


Liniker evolui não só como artista, mas também como pessoa, e deixa CAJU mais bonito a cada vez que nos aprofundamos em suas faixas, não só pelos seus vocais incríveis, mas também pela forma distinta e meticulosamente trabalhada com que foram feitas, soando como a expansão definitiva de seu material como cantora, compositora e produtora. 
 Lu Melo




7.
Acelero
Crizin da Z.O.


É o punk e o funk carioca caminhando lado a lado, denunciando a realidade de quem vive à margem. Uma imersão visceral na dinâmica do cotidiano, onde o contraste entre movimento e quietude, expressão e silêncio, julgamento externo e autopercepção revela tensões profundas. No ritmo acelerado do mundo, emerge uma calmaria interna que reflete o caos humano. Acelero é um observador ativo do colapso coletivo, não impondo respostas, mas convidando a enxergar o que está diante de nós com olhos atentos e críticos. — Brinatti




6.
Queridão
DJ Anderson do Paraíso


Ao afunilar fragmentos da sua vasta contribuição ao funk de BH, DJ Anderson do Paraíso postula esses símbolos vitais que o acompanham ao longo do caminho. Em Queridão, podemos testemunhar o desenho dos panoramas que demarcam a cena em que ele está inserido: seja pelo uso de instrumentos orgânicos e canto gregoriano ou pelo minimalismo costurado nos detalhes, o resultado é essa construção de espaços sensoriais de obscuridade. É bárbaro. — Felipe




5.
Novela
Céu


Novela é a reinvenção de Céu, um reflexo do que ela foi e, ao mesmo tempo, uma tentativa de se distanciar do que já fez. Esse processo não é negativo, mas fascinante, revelando seu propósito, sensualidade, mistério e autossuficiência. Com sua sonoridade analógica, o álbum foge das características de seus trabalhos anteriores, mergulhando em soul e bolero, trazendo a música brasileira para um espaço fértil e uma imagem em verdadeiro êxtase. É intrigante — no bom sentido da palavra — ver como ela se adapta a diferentes estados de espírito e transmite tudo isso com tamanha intensidade. — Brinatti




4.
Prece
Luiza Brina


Em Prece, Luiza Brina impressiona pela delicadeza de suas composições líricas e instrumentais, sempre pautadas por arranjos orquestrais e uma leveza que casa perfeitamente com a temática aqui explorada. É como se ela adentrasse, com sua sonoridade, o profundo regional e interior – espaço físico ou não – em que nos acomodamos. É um dos álbuns mais belos dos últimos anos, e embora se enquadre claramente na classificação folk, é mais do que isso, mais do que tudo o que aparenta ser. — Matheus José




3.
Y'Y
Amaro Freitas


Y’Y é o estudo de Amaro Freitas sobre como conduzir seu processo criativo. Para alcançar o resultado que aqui nos dá, o pianista mudou-se de Recife para Manaus, onde ficou fascinado por toda a magia da floresta amazônica, suas lendas, seu povo e sua história. A capa do álbum, mergulhando em águas avermelhadas, reflete a paixão do artista pelos rios do Norte do Brasil. Todos estes elementos combinam-se ao longo de Y’Y para criar uma atmosfera natural, orgânica e meditativa. — Matheus José




2.
Queda Livre
Caxtrinho


A deformabilidade do som de Caxtrinho é a maior qualidade de Queda Livre, que, ao brincar com o som como se estivesse em um laboratório sonoro onde há inúmeros elementos físicos e não físicos disponíveis para sua construção musical, lhe permite ter a liberdade de criar sua música e narrar suas reflexões sobre o tempo presente e as estruturas da sociedade. Sua genialidade está justamente em combinar essa descaracterização dos sons com reflexões sobre o meio social. — Joe Luna




1.
D.Silvestre
d.silvestre


Em 2024, não existe projeto que melhor defina todas as qualidades do funk que D.Silvestre. A mobilidade, a regionalidade, o uso de samples, o caráter experimental, o abandono de todos os conceitos/técnicas musicais existentes — estes dois tanto em termos unicamente brasileiros quanto em termos do Ocidente em geral — e a reprodutibilidade, está tudo aqui. De fato, é como se d.silvestre tivesse rolado uma katamari por todo o mundo e, após 24 minutos, formou o astro mais caótico, nojento e errado da atualidade. Coisa linda. — Sophi
Aquele Tuim

experimente música.

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