Uma lista com d.silvestre, DJ Anderson do Paraiso, DJ Blakes, Adame DJ, MC FREITAS ZS e mais!
Pensar o funk em 2024 é ter a certeza de que esse gênero já está perfeitamente consolidado como o mais prolífico, interessante e importante da atualidade para a música brasileira. Nessa lista é possível ver algumas das várias faces que moldaram o gênero ao longo deste ano, mostrando que além de tudo, o funk não tem uma caixinha para chamar de sua. É variado, mutável, adaptável, distinto, cheio de pontos e contrapontos, críticas sociais e linguagem explícita, o sagrado e o profano, entre a cibercultura e a cultura de bailes, de rua… algo que só poderia ser nosso, um gênero brasileiro para o Brasil do século XXI. Nessa lista, o Aquele Tuim trouxe um pedaço de mais um ano incrível para o funk, confira:
10.
ZL on Air Vol.1
GP DA ZL
É interessante como ZL on Air Vol.1 consegue amarrar as mais diversas vertentes do funk paulista em um único disco, e é ainda mais interessante notar como isso se dá, em grande parte, pela relação cuidadosa que GP DA ZL possui com o design de seus beats. A forma como o produtor trabalha ambiência e profundidade em cada elemento das faixas torna os drops típicos do mandelão ainda mais impactantes. Ele cria tensão como ninguém e te faz ansiar por esses momentos ao invés de apenas antecipá-los — o resultado sempre é fantástico. — Marcelo Henrique
9.
Acelero
Crizin da Z.O.
É o punk e o funk carioca caminhando lado a lado, denunciando a realidade de quem vive à margem. Uma imersão visceral na dinâmica do cotidiano, onde o contraste entre movimento e quietude, expressão e silêncio, julgamento externo e autopercepção revela tensões profundas. No ritmo acelerado do mundo, emerge uma calmaria interna que reflete o caos humano. Acelero é um observador ativo do colapso coletivo, não impondo respostas, mas convidando a enxergar o que está diante de nós com olhos atentos e críticos. — Brinatti
8.
Faz o M
DJ MAVICC
De outro mundo – acredito que nada define Faz o M de DJ MAVICC melhor que isso. É o baile funk paulista em seu estado mais absurdo. Não há limites, é hipnótico, é a expressão do funk em sua forma mais imersiva. É pesado, intenso, com uma força imbatível. O álbum se eleva, transborda em exploração, levando o gênero a um nível de evolução constante – não há limites. O baile se torna a própria essência da experimentação. — Brinatti
7.
Oh Guina
DJ Guina
DJ Guina volta com um álbum que é tão divertido quanto todos os outros da sua carreira até o momento. O principal destaque é a qualidade musical, do jeito mais tradicional mesmo, é um álbum muito bem lapidado e extremamente divertido, que faz cada segundo valer a pena. — Tiago Araujo
6.
Expedição a Terra do Funk
MC FREITAS ZS
MC FREITAS ZS explora vários dos signos estéticos do funk paulista, essencialmente aqueles que permeiam os arredores do Helipa. E, diferentemente do que havia feito em seus outros trabalhos lançados neste ano, a sampleagem de Expedição a Terra do Funk, em termos de referências pop distorcidas e propositalmente antiquadas, é feita com uma pontualidade autorreferencial e incisiva da combinação variada de recursos de produção, que mais do que nunca soam fenomenalmente caóticos. — Matheus José
5.
Paraiso Sombrio
DJ Anderson do Paraíso
Assustador. Pra quem acompanha funk, já era óbvio que o funk de BH tem sua distinção — tradicionalmente, pela atmosfera macabra, ou pela melancolia que suas músicas possuem. Paraiso Sombrio existe através dos silêncios que tem nas músicas, sempre nos espaços entre os instrumentos e as melodias. É um desconforto contínuo, entre o funk e influências do rap, samples de música sacra gregoriana e letras profanamente explícitas. Tudo isso unido faz esse ser um dos melhores álbuns do ano. — Tiago Araujo
4.
Músicas para ouvir antes do rolê
Adame DJ
Em Músicas para ouvir antes do rolê, Adame aprofunda sua visão sobre as congruências que ligam o funk às nuances noturnas da música eletrônica ao utilizar a ambiência do techno para compor suas montagens, que nos melhores momentos transportam os bailes para as raves e vice-versa. É um dos lançamentos de funk mais divertidos de 2024, imersivo e, por vezes, até alucinante — aqui, a música bate mais forte do que qualquer entorpecente. — Marcelo Henrique
3.
Mandelãoworld
DJ Blakes
Mandelãoworld é uma das grandes culminâncias da roubofonia do ano, desmantelando sonoridades familiares aos nossos ouvidos de uma forma só encontrada no funk. As músicas de Playboi Carti e Travis Scott são devoradas pelo DJ Blakes como base para uma criatividade interminável em explorar estrutura musical — não tem refrão, mas só tem refrão, etc. — e os limites do experimentalismo na música popular. O produto final — “Universo do Mandelão” e “Sicko Mandelão” — é muito mais que satisfatório. — Sophi
2.
Queridão - DJ Anderson do Paraíso
O funk de BH nunca esteve tão bem representado como em 2024. Parte dessa boa representatividade se deve ao conjunto de peças que o DJ Anderson do Paraíso, em uma manobra de mestre, compilou e lançou como talvez o resumo — ainda que numa expansão ainda mais abrangente — de tudo o que simboliza o movimento, desde sua sonoridade minimalista até suas bases na putaria agora em ritmo mais lento e fantasmagórico. É a ponta da lança. — Matheus José
1.
D.Silvestre
d.silvestre
Em 2024, não existe projeto que melhor defina todas as qualidades do funk que D.Silvestre. A mobilidade, a regionalidade, o uso de samples, o caráter experimental, o abandono de todos os conceitos/técnicas musicais existentes — estes dois tanto em termos unicamente brasileiros quanto em termos do Ocidente em geral — e a reprodutibilidade, está tudo aqui. De fato, é como se d.silvestre tivesse rolado uma katamari por todo o mundo e, após 24 minutos, formou o astro mais caótico, nojento e errado da atualidade. Coisa linda. — Sophi