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Quanta música cabe na região Sul do Oceano Atlântico? A cantora e produtora audiovisual Clara Ribeiro responde com seu EP de estreia, Amor Para Além Do Atlântico Sul, lançado na última sexta-feira (17). Vinda da zona norte do Rio de Janeiro, a artista de 28 anos une suas influências de R&B, neosoul, afrobeats e reggae a composições despretensiosas e litorâneas.
As quatro faixas do projeto contam com a participação de produtores como Chediak, CL FEZ O BEAT e KBrum. Com uma paisagem sonora muito bem construída, a produção é uma viagem de bate e volta da costa leste do continente sul-americano à oeste do africano.
“A Forma da Água” faz uma incorporação gradual de elementos de afrobeats que ganham vida sobre uma linha de baixo charmosa. O amapiano torna-se protagonista em “Encontros”, em que a percussão sustenta uma parede espessa de vocais harmonizados no refrão — que, em tese, deveria incomodar, mas que proporciona uma experiência transcendental.
Uma percussão seca, e por vezes alta demais para a mixagem, é repetida à exaustão ao lado de pratos de bateria humildes em “Cuidar de Você”, momento com menos apelo. O projeto encerra com uma bem-vinda virada para o reggae em “Jogo Bobo”, com guitarras psicodélicas e uma letra pueril bem-intencionada e despretensiosa.
Os vocais de Clara Ribeiro são precisos em fornecer o que cada música pede, sendo ora contidos e diretos, ora proeminentes e amostrados. A movimentação vocal ao longo do EP casa bem com as composições sobre os sentimentos de desejo e serenidade na presença de alguém amado.
Amor Para Além Do Atlântico Sul estabelece Clara Ribeiro desde já como uma promessa para a música brasileira. Durante 14 minutos, suas referências e visões artísticas são modeladas de forma competente em um projeto refrescante. A estreia da cantora mostra que o amor transborda o Atlântico Sul para além da música.
Selo: Banidos
Formato: EP
Gênero: R&B / R&B Contemporâneo, Afrobeats