Crítica | Fauxllennium


★★★★☆
4/5

Os estilos de George Clanton e TV Girl são dois extremos de um espectro: a visão maximalista de Clanton acerca do chillwave é adorada em massa, já TV Girl é uma das figuras mais controversas da música indie contemporânea por conta de seu estilo minimalist de sampledelia fortemente definido por loops de bateria  pessoalmente, acho que eles oscilam entre a genialidade e o abismal.

De qualquer forma, a ideia de misturar esses dois estilos parece completamente absurda, afinal, não poderia haver um meio-termo agradável para dois artistas pop tão imersos em seus mundos bizarros de brilhantismo. Felizmente, parecer absurdo não parou os artistas: Fauxllennium é um dos melhores álbuns de pop psicodélico de 2024.

É fácil subestimar os intrincados maneirismos neopsicodélicos desse álbum, mas a quantidade de detalhes rítmicos e camadas em seus grooves psicodélicos fazem dele uma das peças pop mais estranhamente derretidas que já ouvi; tão feio, tão bom. Seja na ode ao dub de "The Sweet Life" ou na perfeição de bedroom pop de "Everything Blue", tanto Clanton quanto TV Girl escolhem e desconstroem tradições psicodélicas como bem entendem, o que significa que tudo é moldado em uma pasta açucarada de arco-íris líquidos e cogumelos de chocolate.

A programação espessa da bateria e os leads de guitarra sintetizada, às vezes difusos e às vezes borbulhantes, são as ferramentas artesanais favoritas de Clanton, enquanto os loops de percussão e o tratamento vocal de TV Girl são justamente os detalhes de que esse álbum precisava. O meio-termo foi encontrado, e é uma explosão de composições simples, mas profundamente coloridas, que se alternam entre as seções minimalistas de TV Girl e o caos total de George Clanton, repleto de efeitos psicodélicos e sintetizadores vibrantes.

Talvez a melhor maneira de enfatizar o quão fora do comum e deslumbrante é a destruição mental absoluta de Fauxllennium seja uma comparação: a maneira como esse álbum redefine a psicodelia antiga e a nova é muito mais chiclete, carismática e curiosa em suas mudanças do que o maior disco indie do ano passado, e talvez da década: Imaginal Disk. Tire o que quiser dessa afirmação.

Selo: Blissful Serenity Industries
Formato: EP
Gênero: Eletrônica / Chillwave, Neopsicodelia, Bedroom Pop
Sophi

Estudante, 18 anos. Encontrou no Aquele Tuim uma casa para publicar suas resenhas, especiais e críticas sobre as mais variadas formas de música. Faz parte das curadorias de Experimental, Eletrônica, Rap e Hip Hop.

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