2/5
Londra bebe muito de uma sonoridade oitentista, mais focada em gêneros como soul e blues, também traz um contraponto, que é o uso do estilo lo-fi durante as faixas, assim fazendo uma mescla interessante. Isso já se mostra presente na primeira música, “2 Much”, um R&B que está a um passo do genérico, mas o uso do lo-fi consegue impor um frescor que a torna um pouco mais interessante, não chega a ser uma faixa extremamente cativante, porém se tocasse eu não pularia, por exemplo.
Em “Whatever You Like” temos o uso do smooth soul. Na canção, há a suavidade do gênero e também um gancho mais carismático que a primeira faixa, e a sua lírica é interessante, porque traz a suavidade e uma sensualidade que fica presente em toda a música, a forma que ela canta, a forma que a música progride, ficou próxima de ser um dos destaques do álbum. Já “Sweet Lies”, que é o ponto alto da obra, entra mais num som contemplativo, cujos efeitos da voz que são usados completam a peça de forma redonda; é uma das músicas que quando ouvimos criamos cenários imaginários, como se fosse a trilha sonora de algum momento específico de nossas vidas.
A faixa “The Bounce” marca o decaimento do álbum. Poderia se chamar até um desastre, por ter tantas escolhas ruins presente em todos os aspectos possíveis. O instrumental e a mixagem são coisas positivas, tanto que o primeiro erro é não ter feito dessa faixa uma faixa instrumental, ela não teria causado nenhum estranhamento, pois estaria de acordo com a estética e os gêneros apresentados no álbum. Além disso, eu, particularmente, acredito que a lírica de uma música não é uma régua de qualidade absoluta sobre uma canção ou de um álbum, entretanto, “The Bounce” me deixou sem opção, a letra se constroi em nada, parecem palavras jogadas ao vento, não há nem uma percepção nas frases e palavras escolhidas, e ainda tem efeitos de voz um tanto quanto sem sentido.
E, para fechar com chave de ouro, a finalização ocorre um erro de gravação, porque nos seus últimos sete segundos ela termina de forma brusca e muda abruptamente. Posso estar sendo um pouco carrasco, eu sei, porém, esse problema se repete em outra música, “Warzone”, que consegue se redimir por trazer uma estrutura nova perante as faixas anteriores, em que a voz da artista se mantém no mesmo volume do instrumental, e também por ser cativante, assim nos fazendo esquecer esse suposto problema técnico.
Londra, poderia ser considerado um álbum redondo e competente, mas o fato dele ser uma experiência de mais ou menos vinte e cinco minutos de audição faz com que esses problemas que citei se tornem problemas grandes. Por também quebrar a imersão do álbum, que é uma das características que a artista tentou alcançar, o vislumbre disso é uma certa repetição nos instrumentais das músicas e a suas temáticas, sufocando a progressão que é criada, mas não estabelecida.
Selo: dream city discos
Formato: LP
Gênero: R&B / Soul, Smooth Soul