★★★☆☆
3/5
NUME, o novo álbum de Filipe Ret, surfa em ideias que à primeira vista parecem dobrar o interesse do público pela fase atual de sua carreira, mas só parece. Aqui, Ret não teme retaliações (principalmente de seus fãs, em grande parte carentes de temas motivacionais) ao falar repetidamente sobre seu suposto paganismo, ao agradecer seus Orixás e Deus – é, em tese, um disco sobre fé.
Ao longo do álbum, somos guiados por fragmentos textuais que são recitados quase como poesia, o que é feito sem nenhuma dosagem e acaba soando repetitivo demais, assim como o flow de Ret, que apenas segue o ritmo dos sons aqui impostos por barreiras bem definidas entre rap/funk/boom bap, estilos que o artista até tem certa maestria, mas que são tão rabiscados e prensados em seu único propósito temático, que soam perdidos, e que pouco acrescentam fluidez como elementos de um sentido diversificado.
No geral, NUME até soa interessante porque desafia a forma como Ret se impõe e é visto, mas fora isso é extremamente chato, com poucos elementos que de fato causem surpresas além daquelas construídas pelo artista à força. É, em sua completude de conjuntos musicais e líricos, redundante. A fé que encontramos em seu princípio formativo é também a fé de Ret em si mesmo, e ele faz questão de ressaltar isso o tempo todo. Não adianta invocar Orixás e Deus, se ele vai continuar com essa grande autoestima que só serve para agradar parte de seu público que dorme e acorda se imaginando como pessoas alvos constantes de problemas irreais como a inveja.
Selo: Som Livre
Formato: LP
Gênero: Hip Hop / Trap