Crítica | THE PEAK


★★★☆☆
3/5

Forçando um senso de nostalgia — que, estranhamente, funciona —, smokedope2016 se destaca em meio há milhares de rappers de cloud por retomar o estilo de produção e estética da primeira metade da década passada, negando novas formas de explorar o gênero. Pode parecer apelativo, mas o que está em jogo aqui não é vangloriar um passado “melhor”, e sim um passado passivo, que apenas é. Sem saber nada sobre THE PEAK, diria que, sem sombra de dúvidas, todas essas músicas foram lançadas em 2016, e esta sensação é a que smokedope almeja provocar com sua música.

Esse nível de nostalgia, sozinho, seria insuficiente para criar um bom projeto, mas aqui as faixas superam essa noção. Elas tiram o máximo de atmosfera que os vocais desacelerados do cloud e os sintetizadores gritantes do wave têm a oferecer: um sentimento de se perder no mundo. Os flows e produção de smokedope — ao contrário das versões atuais do gênero — fazem isso por meio de elementos claros, facilmente detectáveis, mas pincelados com grossas camadas de efeitos psicodélicos; um lindo contraste.

THE PEAK é um álbum simples, direto, num sentido já entendido por todos, mas que cativa por conter músicas memoráveis — “Gnarly”, “Dope Love”, “Icey Soles” — e uma estética que engole o ouvinte, além daquele fundinho de nostalgia. Para os fãs de Clams Casino e Bladee, é o álbum mais sólido que escutará no ano.

Selo: LISTEN TO THE KIDS
Formato: LP
Gênero: Hip Hop / Cloud, Emo Rap, Wave

Sophi

Estudante, 18 anos. Encontrou no Aquele Tuim uma casa para publicar suas resenhas, especiais e críticas sobre as mais variadas formas de música. Faz parte das curadorias de Experimental, Eletrônica, Rap e Hip Hop.

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