Crítica | Violent Divinity


★★★★☆
4/5

Mergulhando em influências artísticas provenientes de Kate Bush e Björk, a cantora sino-britânica, Siteng, cria um projeto que mescla suas raízes culturais numa obra coesa e imersiva. Violent Divinity traz sonoridades eletrônicas e pop com um quê alternativo em todas as suas abordagens. Em cinco músicas, é possível transitar entre diversos espaços mesmo estando em apenas um lugar.

“Water and Water” é uma música que introduz o mantra de expandir a identidade pessoal, tornando-se transcendente e fluido, assim como a água. “Fluindo e florescendo / Brilhando e crescendo / Derretendo, dissolvendo e elevando”.

“Quest For Us” e “Healing Chroma” enfatizam a necessidade de se curar pessoalmente, de passar a borracha em problemas e se libertar de prisões, renascendo com glória e não ignorando a sua verdadeira essência.

E, justo no clímax do projeto, a artista apresenta “Broken (Home Is My Prison)”, uma faixa que mescla o chinês e o inglês em tons sutis e agressivos, como um contraponto para cada momento da canção. Toda a estrutura da música é como uma montanha-russa de sensações, em um momento estamos contidos no chão, e em outros estamos explodindo no céu.

Siteng celebra sua cultura e sua ‘divindade feminina’ neste EP, e, além de se mostrar como uma intérprete incrível, suas palavras escritas em cada peça exalam sua presença marcante e cheia de espírito. Violent Divinity é envolvente, poderoso e emocionante, te levando a uma jornada de conhecimento pessoal, onde há conflitos, problemas, mas também há paixão e emoção. Em “Crystal Heart”, a cantora nos questiona: “Você sabia que existe uma superflor debaixo d'água?”. E eu só descobri após escutar.

Selo: Independente
Formato: EP
Gênero: Música do Leste e Sudeste Asiático / Eletrônica, Alt-Pop, Art Pop

João Vitor

20 anos, nascido no interior da Bahia e graduando em Ciências da Computação. Faz parte das curadorias de Música do Leste e Sudeste Asiático no site Aquele Tuim.

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