★★★☆☆
3/5
Na escuridão da noite, Kathryn Mohr não apenas sussurra, mas parece gritar. Seu novo álbum, Waiting Room, é um mergulho na tensão e taciturnidade, uma combinação perfeita para a atmosfera evocada ao longo de extensas camadas de sintetizadores analógicos, gravações de campo e vocais gélidos, serenos, que ressoam como uivos caninos capazes de arrepiar a espinha.
Mas Waiting Room vai além dessa simples descrição. Seu valor está nas descobertas — como as ondas interdimensionais e sonolentas da faixa de encerramento, “Waiting Room” — onde elementos musicais, que flertam com o drone, parecem afirmar a necessidade, infundada ou desnecessária, de seguir caminhos similares aos que Kathryn Mohr traça aqui. Para alguns, essa direção (de gerar ambiências quase cinematográficas) pode não ser marcante, dada a crescente imersão de trabalhos que exploram experiências sensoriais como proposta central. Ainda assim, ela escapa dessa armadilha.
Quando não se estabelece dessa forma, o álbum se volta para acordes de violão e arranjos empoeirados que sugerem uma guinada para o indie rock. E o mais impressionante é como isso funciona: a melancolia e a sensação de estar perdido em uma floresta densa e escura adquirem uma veracidade estranhamente distante — e, ao mesmo tempo, inquietantemente próxima — à medida que avançamos por seus longos e sufocantes minutos.
Selo: The Flenser
Formato: LP
Gênero: Experimental / Rock, Avant-Folk