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Explore o subgênero do emo que preza pela agressividade acima de tudo.
Como o Emoviolence surgiu?
Uma resposta curta para essa pergunta é muito fácil: foi uma união de tendências que estavam acontecendo no hardcore punk dos EUA durante os anos 1990. O screamo (ou skramz, se você ainda tiver receio de que a hot topic pode se apropriar do nome) já era uma realidade há alguns anos. Além disso, retira-se o “violence” justamente do powerviolence, que também era forte dentro da cena e já há alguns anos extremamente influente. Vale constar que não necessariamente o emoviolence se parece igualmente tanto com o powerviolence quanto o screamo, é bem mais parecido com o segundo e hoje em dia se considera mais uma variação do segundo.
O termo emoviolence foi primeiramente criado pela banda In/Humanity, que é uma das pioneiras do gênero, para referenciar a união dos dois gêneros citados no parágrafo anterior. Ainda em 1994 começam a ser lançadas várias demos e EPs de bandas com influência na sonoridade, algo que, felizmente, sobreviveu muito bem e é relativamente acessível de se encontrar e escutar até os dias de hoje. Isso nos dá uma ideia interessante de como o emoviolence se formou e especialmente de como a sonoridade foi mudando com o tempo.
Como o Emoviolence soa?
Quando pensamos em bandas de screamo, em especial bandas como Saetia ou Portraits of the Past, que são essenciais e muito conhecidas dentro do gênero, percebemos ali ainda uma influência forte de gêneros melódicos — no geral a melancolia do “emo” que se dizia sobre o hardcore vinha dessas referências. Mas ainda que, como dito anteriormente, o emoviolence tenha sido uma variação do screamo, ali as referências melódicas são quase nulas, impossível dizer que não existam, há várias músicas de bandas como orchid, ou pagenitetynine que possuem segmentos mais melódicos. Contudo, nem de longe são o foco, pois o emoviolence busca a velocidade e a dissonância acima de tudo.
Nesse sentido, não apenas com o powerviolence o gênero se assemelha, pois inevitavelmente lembra muito o grindcore, que sim, de alguma forma influenciou e também foi influenciado por esses atos de emocore. Uma característica que é bastante distinta tanto do grind quanto do emoviolence é a duração das músicas. Raramente uma canção vai passar de 3 minutos, e se acontecer, ela provavelmente possui um apelo mais melódico, justamente como um respiro, ou para preceder um momento de catarse ainda maior. Nesse sentido a objetividade e agressividade são as duas coisas que mais predominam musicalmente no gênero.
Também faz parte dele os vocais gritados, como os do screamo e as dissonâncias do instrumental, que também já tem muito a ver com o próprio emo (pelo menos aquele que vêm do hardcore). As letras muitas vezes são políticas, satíricas e muito irônicas com a realidade e a performatividade dada pela juventude estadunidense, seja ela punk, ou não.
Essas são características gerais para reconhecer um álbum de emoviolence independente da época. Contudo são apenas as raízes do gênero, e como todos que existem, ele sofreu mutabilidades ao longo do tempo. Nos anos 2000 é interessante destacar o quanto ele foi influenciado por outros atos do punk, principalmente os gêneros do hardcore queer, em especial o sasscore que durante os anos 1990 foi uma reação à cena majoritariamente machista de hardcore e por seu surgimento praticamente paralelo ao do screamo, logo foi considerado como um gênero “irmão”. Já nos anos 2010, o que predominou principalmente foi a apropriação de gêneros do metal, principalmente o black metal, um retorno interessante às influências do noise rock e o apreço por uma produção ainda mais lo-fi que o comum para o gênero.
O emoviolence continua em constante evolução e a internet até hoje possui uma grande recepção com o gênero dentro dos nichos de punk e especialmente do hardcore, o que mostra a relevância e o impacto que o gênero teve e têm até os dias de hoje.
Indicações
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Essas são características gerais para reconhecer um álbum de emoviolence independente da época. Contudo são apenas as raízes do gênero, e como todos que existem, ele sofreu mutabilidades ao longo do tempo. Nos anos 2000 é interessante destacar o quanto ele foi influenciado por outros atos do punk, principalmente os gêneros do hardcore queer, em especial o sasscore que durante os anos 1990 foi uma reação à cena majoritariamente machista de hardcore e por seu surgimento praticamente paralelo ao do screamo, logo foi considerado como um gênero “irmão”. Já nos anos 2010, o que predominou principalmente foi a apropriação de gêneros do metal, principalmente o black metal, um retorno interessante às influências do noise rock e o apreço por uma produção ainda mais lo-fi que o comum para o gênero.
O emoviolence continua em constante evolução e a internet até hoje possui uma grande recepção com o gênero dentro dos nichos de punk e especialmente do hardcore, o que mostra a relevância e o impacto que o gênero teve e têm até os dias de hoje.
Indicações
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The nutty anti-christ
In/Humanity
Talvez o primeiro álbum completo que é um grande clássico do emoviolence, da banda que cunhou o nome do gênero. Já tem tudo que você poderia querer do gênero, muita velocidade, agressividade e especialmente muitos riffs e músicas memoráveis. “Teenage suicide–do it!” é um dos clássicos inescapáveis do gênero, que todo mundo deveria escutar.
Formato: LP
Ano: 1996
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Chaos Is Me
Orchid
Um álbum que começa com um trecho de uma música do Iannis Xenakis, mas que radicalmente atinge uma nova forma de violência sonora não por meio da exploração eletroacústica e muito menos acadêmica de fazer música, mas pela agressividade, a vontade de ir mais rápido, falar mais alto, fazer uma música que dê conta de tanta angústia. Recheado de instrumentais que poderiam ser a retratação perfeita de uma crise de ansiedade e com as letras mais inteligentes do gênero. A pulsão de morte da juventude nunca foi tão bem retratada antes. Clássico, absoluto, irretocável, eterno.
Formato: LP
Ano: 1999
Seeing Means More Than Safety
Jeromes Dream
Para não repetir todos os elogios dados a Chaos Is Me é melhor deixar claro apenas que esse é um dos álbuns mais diferentes do gênero e também um dos mais agressivos. Abusando do uso do rádio nas músicas (algo que também era comum nos shows do Orchid) para criar dissonâncias e também de forma satírica brincar a respeito desses barulhos. Rádio, guitarra, punk, jornal… tanto faz!
Formato: LP
Ano: 2000
Ano: 2000
I.V.
Loma Prieta
Um excelente exemplo do emoviolence nos anos 2010, carregando tanto uma carga muito forte do próprio screamo mais “clássico”, quanto uma nova roupagem para o gênero, que soa em alguns momentos mais melódica — mas que encontra essas bases melódicas de alguma forma no noise rock — e em outros momentos mais linear e atmosfericamente repressivo, como o black metal. Um álbum marcante e muito divertido, um dos melhores, se não o melhor, para se recomendar como introdução ao gênero.
Formato: LP
Ano: 2012
An Exit Exists
Blind Girls
Ainda que não seja um clássico (por enquanto), como os outros, é importante destacar uma tendência ainda mais recente de bandas de emoviolence com mulheres tomando a frente. An Exist Exists é um lançamento recente, mas já muito impactante, não só pela sua qualidade evidente, mas porque também não se limita ao tradicional, apesar de prestar uma bela homenagem às “convenções” do gênero. Uma banda que com certeza merece mais reconhecimento
Formato: LP
Ano: 2024