Crítica | Lagos City Unloaded



★★★☆☆
3/5

Além da frenética verborragia de significados, o que traz vitalidade para o trabalho de DJ Tobzy Imole Giwa é a sua gana em extrapolar os próprios limites. Como nome imprescindível da cena eletrônica nigeriana nesta década, não é surpresa que sua presença se dê por meio de ferramentas extremamente contemporâneas: através de seus vídeos no TikTok e YouTube, que geralmente são acompanhados por memes ou pelos dançarinos da cena cruise beat, principalmente do The New Afrika Shrine.

Em Lagos City Unloaded, DJ Tobzy quer cansar o ouvinte — no melhor sentido possível. Dividido em duas peças de mais de 20 minutos, é a transcendência da forma que ele já havia estabelecido previamente. Suas duas producer tags, que aparecem a quase todo instante, colidem diretamente com samples de músicas famosas dos anos 2000 e 2010 (como “Diamonds”, da Rihanna), elementos, instrumentos, batidas e o que mais o DJ quiser pôr à frente. O pioneiro do freebeat dialoga com kwaito, palm wine, amapiano, funk, hip hop e o que mais for possível.

É uma articulação que demanda dominância e tino de todas essas possibilidades dispostas. Lagos City Unloaded cristaliza o caráter geral que paira pelas cenas eletrônicas independentes espalhadas por África: um grande senso de experimentação, com uma artesania semelhante ao DIY, aliada ao incansável esforço criativo de ferver as pistas até o último segundo. Se você saiu daqui pingando de suor e extasiado, está no caminho certo.

Selo: Nyege Nyege Tapes
Formato: Mixtape
Gênero: Música do Continente Africano / Cruise, Eletrônica
Felipe

Graduando em Sistemas e Mídias Digitais, com enfoque em Audiovisual, e Estagiário de Imagem na Pinacoteca do Ceará. É editor adjunto do Aquele Tuim, integrando a curadoria de Música do Continente Africano.

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