Crítica | Accidentally On Purpose






★★★☆☆
3/5

Para os maiores entusiastas das musicalidades propostas pelo k-pop, uma coisa muito interessante de se desenvolver é o que eu gosto de chamar de apuração antecipada. É nitidamente perceptível quando uma peça se apoia nos seus apelos estéticos extra-musicais por carecer de algo. É o que acontece com Accidentally On Purpose, segundo projeto de Seulgi, que a apresenta de forma muito menos ambiciosa.

Sua persona destemida de batwoman, que assimila algumas partes da sua vida (incluindo a sua polêmica doméstica da troca de sapatos), de fato está presente ao longo dos quase vinte minutos de obra. “Baby, Not Baby”, música escolhida para promover o mini álbum, consegue aproveitar essa proposta com maestria — um tipo de pop que você com certeza já ouviu, mas que ainda sim consegue expressar sua gama própria de significados.

O principal problema, no entanto, é o marasmo que paira no conjunto. A força conceitual se dilui: é uma maioria de faixas R&B que estão longe de serem ruins, mas que acabam não dizendo muita coisa. Afinal, Seulgi já apresentou isso diversas vezes ao longo da sua trajetória. “Better Dayz” é o grande destaque, justamente por brincar com texturas sonoras e mini-camadas de distorção — um deleite sensual e que se diferencia exponencialmente do restante.

Seja acidentalmente ou de propósito, Seulgi preferiu se manter na sua zona de conforto. É uma pena, pois 28 Reasons é um disco fora da curva que chama a atenção por características opostas às dispostas aqui. Falta apelo, mas ao menos não é uma perda de tempo — então ainda estamos no lucro.

Selo: SM Entertainment
Formato: EP
Gênero: Música do Leste e Sudeste Asiático / K-Pop, R&B Contemporâneo
Felipe

Graduando em Sistemas e Mídias Digitais, com enfoque em Audiovisual, e Estagiário de Imagem na Pinacoteca do Ceará. É editor adjunto do Aquele Tuim, integrando a curadoria de Música do Continente Africano.

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