Crítica | É O DEEJAY FAT VIDA!


★★★☆☆
3/5

Chama a atenção, ao longo do novo álbum do DJ FAT, É O DEEJAY FAT VIDA!, a forma como ele articula as batidas do funk em um grau que já é familiar. O ritmo é bastante comum, não apresenta grandes variações e não se presta a montagens que são “fora da caixa" como em outros estilos da Zona Sul de São Paulo.

De fato, é bastante limpo. O que sugere que: 1) o DJ fez um ótimo trabalho de dever de casa em termos de design de som, e 2) suas ideias de fato tomam um rumo para noções mais diretas da música eletrônica, aquelas que são vistas de fora do funk. Em ambas as possibilidades, o resultado é interessante.

É como se o DJ FAT criasse camadas de som que só podem ser percebidas dependendo do volume dos seus fones de ouvido. Esse efeito atinge seu ápice em “TOMA TOMA” e “VEM FUD3R X AI EU SO TENHO”, peças que beiram o 3D com tomadas eletrônicas superficialmente secas, mas que acompanham muito bem os samples vocais dos MCs, como o MC Digu na segunda faixa citada.

O álbum todo, quando menos se espera, acaba indo pelos dois caminhos sugeridos no início. “SEU LADO PIRANH*” parece ter seus elementos manipulados ao vivo, em um set, com a camada do MC e o som visivelmente separados, num esquema que deixa as batidas ainda mais secas.

É O DEEJAY FAT VIDA! mantém um fio condutor claro, sem exagerar na abstração ou diluir demais a energia bruta do gênero, garantindo que mesmo as faixas mais secas e minimalistas tenham impacto visível. No fim das contas, o álbum acaba sendo uma amostra de como DJ FAT consegue equilibrar o apuro técnico com um entendimento instintivo do que faz um bom som de pista. E isso é suficiente.

Selo: Independente
Formato: LP
Gênero: Funk

Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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