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Durante e pós-pandemia, a estética e os sons ligados a festas, clubs e discotecas vêm se destacando nos lançamentos de álbuns, músicas, EPs, mixtapes e singles. Isso acompanha um resgate de maneirismos da década passada, especialmente dos anos 70, 80 e 90 — períodos que marcaram gêneros como house, disco e o pop.
Mesmo quase cinco anos após o auge da pandemia, esses sons ainda dominam os lançamentos. Sua presença vai do mainstream aos confins da música alternativa. Em 2024, essa estética sofreu uma mutação. Um exemplo cristalino é o álbum BRAT: mesmo mantendo-se nas pistas de dança, Charli xcx abandonou o saudosismo dos anos 90 e trouxe os anos 2000, com um dance pop arrastado e viradas áureas de seu electropop.
Além dela, artistas como Kim Petras (com Slut Pop Miami) e Slayyyter (com STARFUCKER) já navegavam nessa onda de reviver os anos 2000-2010, mas sem alcançar o impacto disruptivo ou a atenção crítica conquistados por Charli.
THE PENTHOUSE segue as mesmas linhas de Kim Petras e companhia, mergulhando no disco pop da época, porém sem acrescentar nada. O álbum trilha caminhos como os gêneros como dance pop e electro house, mas carece de virtude em suas onze faixas. Ao ouvi-lo, conclui-se que está parado no tempo: nada é inovador, tudo parece reciclado. Incomoda, ao dar play em uma faixa, que existem milhares de músicas idênticas — do tom da voz à batida marcada.
O principal problema do álbum é, com toda certeza, a falta de uma identidade. Enquanto em BRAT vimos uma personalidade encrenqueira e birrenta, em THE PENTHOUSE a personalidade se resume a ser o gay (sim, ele é um artista queer) que vai a uma balada e pede para o DJ tocar “Where Have You Been” da Rihanna.
É divertido ver álbuns com estéticas "sujas" surgirem, rejeitando personalidades “clean". Porém, quando se trata de THE PENTHOUSE, a diversão some. Na tentativa de reviver os anos 2000, o artista reimagina “Hollywood”, faixa de Madonna, desconfigurando-a e aplicando uma visão de som genérica.
Na melhor das hipóteses, THE PENTHOUSE servirá como trilha sonora para momentos em que se deseja "desligar o cérebro". O álbum falha em entregar o mínimo: alma. Enquanto outros transformam nostalgia em pontes para o futuro, este é só um eco desbotado de uma era que, ironicamente, já sabia ser mais ousada.
Selo: Independente
Formato: LP
Gênero: Pop / Dance Pop