O primeiro single do aguardado novo projeto da cantora e compositora Marina Melo apresenta mais um pico de sua sutileza e inventividade. Com produção refinada de Luiza Brina – artista do ano de 2024 pelo Aquele Tuim – e participação especial de Maurício Pereira, a faixa se aprofunda em desafios do cotidiano de forma singular e poética.
Ao refletirmos sobre assuntos como problemáticas na mobilidade urbana, ou até mesmo no crescimento desenfreado das metrópoles ao redor do mundo, não nos surpreende o fato de Marina ser nascida e criada em São Paulo. Desde os primeiros acordes, a artista convida o ouvinte a adentrar uma atmosfera densa, onde a música trabalha de forma crítica e intimista para demonstrar a distância que nos rouba a conexão com algo muito maior – nossas próprias terras.
Aludindo-se ao mito de Prometeu (titã responsável por dar nome à faixa), a comparação entre os prédios que roubam o céu e o avanço tecnológico que nos aliena é apenas uma das grandes sacadas da canção, construindo uma ponte entre o passado mítico e o presente urbano, entre o fogo primordial e a frieza da selva de concreto. Musicalmente falando, a produção de Luiza Brina se destaca pela acuidade, com arranjos que acompanham o ritmo da reflexão proposta na composição. A participação de Maurício Pereira, com sua voz e interpretação, deixa o trabalho com uma graça ainda mais airosa.
As vozes se entrelaçam para trazer uma multiplicidade de perspectivas sobre o mesmo tema, em que Marina Melo não apenas entrega uma canção que conversa com o presente, mas também aponta para o futuro da música brasileira – questões sociais, urbanas e tecnológicas podem sim ser tratadas com poesia e concepções que viajem relembrando a importância de tal objetivo. A espera pelo álbum completo, que chegará em maio, carrega um futuro de expectativas. Especialmente após um single tão introspectivo e relevante.
Selo: dobra discos
Formato: Single
Gênero: MPB / Pós-MPB e Música Brasileira