Crítica | Violino 3.0


★★★☆☆
3/5

Se há uma razão para o eletrofunk existir, Violino 3.0 é uma delas. O DJ Brenno Paixão é um dos maiores nomes do gênero, reconhecido em todo o Brasil por suas produções que misturam eletrônica, MCs e funk carioca, além de referências à cultura pop que agitam as pistas de dança, especialmente onde o sarro reina solto.

Aqui, ele cria sua própria playlist que une o melhor dos dois mundos: eletrônica e funk. Sua devoção ao gênero pode ser sentida em cada microssegundo de excitação, como na faixa de abertura, “Violino do Desande 3.0”. Nela, a sequência de ritmo mais famosa do funk carioca, inicialmente conhecida em “F de Força”, de MC Leleco, e mais tarde na versão de 2012, “Racha de Som” — famosa por testar as caixas de som dos pancadões e em festas cujo repertório se resume aos clássicos da Furacão 2000 — se funde às batidas secas do electro house e aos vocais do maior MC da atualidade: Gw. É o passado, presente e futuro.

As raízes fortes do funk carioca resultam nos momentos mais inspirados do álbum, justamente por se oporem aos seus congêneres da música eletrônica, que frequentemente se atém a ritmos mais mainstream (como os inconfundíveis teclados de tropical house de “Suco de Uva”). Esse contraste se deve, em grande parte, ao volume nostálgico das batidas próximas ao funk melody, que, em alguns momentos, variam para uma profundidade ainda mais ligada ao miami bass.

A mistura do funk (som) com o inglês, popularizada por MC Serginho no clássico “Eguinha Pocotó”, pode ser ouvida em “Toma Tapa na Cara”, faixa que acerta em cheio ao entregar o tão aguardado drop. São nesses momentos que Violino 3.0 prova seu valor. O eletrofunk, por muito tempo, é negativamente associado ao limbo entre o mainstream tanto do funk quanto da música eletrônica. Brenno, porém, prova que é possível pairar sobre os dois espaços fazendo o que lhe é natural.

Selo: SAM BUSINESS CONSULTORIA EIRELI
Formato: LP
Gênero: Funk / Eletrônica, Eletrofunk

Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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