Crítica | A Cooler World


★★★★☆
4/5

Estranhamente analógico, A Cooler World, de Paul Dickow, também conhecido como Strategy, viaja no tempo para imprimir suas ideias composicionais. É um álbum cuja força está na ligação entre as explorações tecnológicas do presente e as raízes dessas tecnologias no passado. Por isso, o produtor trabalha com um teclado de amostragem retirado diretamente de 1989, e compõe – e decompõe – manualmente suas texturas limpas de techno ambiente, com uma frieza rítmica nunca exagerada – ou somente fria, por assim dizer, já que sua incursão em paisagens sonoras glaciais justifica seu apelo moderado, pensativo e devocional.

Na faixa-título, “A Cooler World”, a sensação de profundidade física é criada por batidas tímidas que logo dão lugar a um som mais cristalino, líquido e industrial. Nesse ponto, o álbum se divide entre essa vertente ligada à música ambiente com o uso de instrumentais menos complexos, mas que geram sonoridades difíceis de assimilar. É como se Paul soubesse os caminhos que estava trilhando, e nós não. Enquanto nos perdemos no terreno plano de uma geleira que se move sob nossos pés, ele caminha por ela como se estivesse no quintal de sua casa.

Selo: Constellation Tatsu
Formato: LP
Gênero: Eletrônica / Experimental, Techno Ambiente

Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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