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O novo álbum de Jefre Cantu-Ledesma, Gift Songs, se arrasta por longas tomadas como se hesitasse em entrar em uma espiral de monotons cujos drones apontam o tempo todo, sempre captando sons e ambientes que partem do princípio de que a música é um presente, e que deve ser tecida a partir de condições únicas para obter, talvez, o melhor resultado possível desse processo. É uma elevação natural da perspectiva criativa que o autor busca referenciar aqui. Não é, no entanto, um álbum que leva seu tema a sério a ponto de se ater a ele, mas sim que o faz como um ponto de partida necessário.
Geralmente, álbuns que se apegam a formatos instrumentais, ou acabam apelando para uma redundância programada (o que é muito positivo quando há estudos de estilo e técnicas por trás dessas composições instrumentais) ou para repetições estéticas vindas de gêneros específicos. Essa máxima seria válida aqui se Jefre não buscasse ir além de um mero conjunto de ondas que vão e vêm ao lado de chiados e capturas que visam sua própria forma de música ambiente.
Há instrumentos sendo tocados, compilados pelo ritmo com que o álbum se aventura em uma roupagem acústica, ditados por Omer Shemesh (piano), Joseph Weiss (baixo), Clarice Jensen (violoncelo) e Booker Stardrum (percussão) – um time de peso que está constantemente ligado sob a direção de Jefre, que demonstra um domínio técnico absurdo na unificação de todos esses elementos. Ele definitivamente cumpre não apenas a construção de todo o aparato sonoro, exemplificado nos 22 minutos de “The Milky Sea”, mas também atua como peça central na hora de lapidar o trabalho de polimento do som, criando diagramas com informações sobre onde as cordas irão, como as percussões irão ressoar e de que modo piano irá ditar. É um esplendor em termos de criação e controle.
Selo: Mexican Summer
Formato: LP
Gênero: Experimental / Ambient, Drone