Crítica | Golden Retrieve Her


★★★★★
5/5

Na rotina incansável de estudos e trabalho que não suportam nossas pendências de conforto; escutar música é um escape. Ora por fórmulas rápidas que alguns artistas nos proporcionam e que elevam nossa serotonina, ora pela qualidade de um produto que nos deixa sem palavras ao descrevê-lo. Adja, uma cantora que entrou em meu radar recentemente, não mediu esforços em ressoar por ambos e, além disso, ser cômica e hipnotizante. Golden Retrieve Her nos resgata de problemáticas corriqueiras que a vida nos obriga a viver e coloca-nos em um estado de relaxamento em meio a um som tão familiar como o neo-soul.

A princípio, o disco possui uma forma crua – tal qual em seu EP, IRONEYE – de nos introduzir em suas faixas. É quase um acústico, sem grandes detalhes que o encorpa e, por consequência, dá camadas de uma história para além dos tímpanos. Adja bota nossos pés no chão, em frente ao seu microfone, instrumentos e canta de maneira “simples” (afinal, quase não há efeitos em sua voz) em um show particular. Ao longo da sessão de escuta, há momentos que somos abraçados pela ambientação densa – não no sentido ruim. Não é à toa que a coisa mais brilhante é como ela e sua voz apaixonante nos prende nessa jornada tão intrinsecamente íntima (“Package Delivered by Tomorrow” e “Better Bitter”).

Um aspecto importante é a diferenciação de atitude explícita de Adja após a segunda metade do disco. Se nas primeiras produções vimos um conforto atrelado a doçura e leveza do neo-soul, a segunda metade é mais energética, somos retirados dessa zona de conforto que estávamos e então somos conduzidos por uma força maior (“Sounds of a Mother (Interlude)”). A partir daqui, a performance dita anteriormente se transforma em gritos, seus instrumentos ficam mais altos e a natureza se torna mais catártica. Resultando na deliciosa quebra de expectativa do ouvinte (“Sucking on my Emphatitties”).

Golden Retrieve Her é uma grata surpresa, Adja se mostra como uma artista que, para mim, é a grande aposta para se tornar uma estrela dos gêneros aos quais ousa trabalhar aqui, em específico o soul. Sua força é mantida constantemente pela através do canto, da banda e do carisma presente durante todo o álbum – se você quer ter a oportunidade de escutar algo que soe fora da órbita do quadrado da indústria, esta é uma boa proposta. É um tanto impressionante.

Selo: Sdban Ultra
Formato: LP
Gênero: R&B / Neo-Soul
Lu Melo

Estudante de Jornalismo, 18 anos. Amante da música e da cultura pop desde a infância. Escreve para o Aquele Tuim, integrando a curadoria de R&B e Soul.

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