Crítica | Mega Anos 80, Vol. 1


★★★☆☆
3/5

Os MTGs, montagens e megas — seja lá como você prefira chamar — tornaram-se uma das maiores marcas do funk de BH nos últimos meses. Isso porque o lado mais comercial do gênero, dominado em parte por nomes como DJ Ws da Igrejinha, sempre soube explorar boas ideias de ritmo e mesclagem, principalmente no que diz respeito às inúmeras referências transmutadas nesse espaço.

Trata-se, portanto, de um exercício de decomposição — numa linha mais direta, uma espécie de engenharia reversa que envolve o pop, o sertanejo e até mesmo o rock (como em “MTG - ROCK vs FUNK”, de GORDÃO DO PC feat. Mc Gw e Mc Vuk Vuk). Em Mega Anos 80, Vol. 1, essa lógica é levada quase ao nonsense por Os Gêmeos da Putaria. Eles tentam — e conseguem — criar boas mesclas com ritmos da música pop, que não necessariamente remetem com precisão aos anos 80, mesmo que isso fique em segundo plano.

O grande atrativo está nos beats, nas acapellas dos MCs e na maneira como os gêmeos misturam tudo com o aspecto multidisciplinar do funk. É puro nesse sentido, e chama atenção por propor esse tipo de brincadeira. Afinal, o funk de BH e essas estruturas livres de misturas vêm crescendo e aplicando novos métodos e conceitos que definem, de forma inconfundível, os limites, ou a ausência dele, no que o gênero parece construir cada vez mais livremente — e isso basta.

Selo: Dalãma Records
Formato: EP
Gênero: Funk / Funk de BH

Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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