Crítica | a strong desire to survive


★★★☆☆
3/5

Se você é fã de hip hop, provavelmente já se deparou com o nome duendita nos créditos de algum disco do MIKE, Wiki ou ZelooperZ. Inicialmente lançado como projeto solo da nova-iorquina Candace Lee Camacho, duendita passou a se apresentar como banda em meados de 2022, direcionando o bedroom-soul que marcou seu primeiro disco, direct line to My Creator (2018), para um lugar mais psicodélico que desabrochou no EP the mind is a miracle (2024).

O segundo trabalho do grupo, a strong desire to survive, continua a desbravar esse território, mas com um maquinário não tão eficiente. Um dos aspectos mais interessantes do EP que duendita lançou no ano passado era o contraste entre a simplicidade dos arranjos e as costuras melódicas que Candace fazia com a voz — ela tem essa marca de alternar os registros na hora de cantar, atingindo graves para enfatizar certos versos, que é uma viagem por si só. Aqui, a proposta é mais impulsiva; de anexar referências diversas e trabalhá-las sob o efeito de filtros e texturas que remetem à noção de excentricidade que a banda deseja passar.

E, embora alguns experimentos funcionem, como a incursão do techno em “die not”, é difícil encontrar um fator de destaque no meio de tudo, talvez pelo uso exacerbado de reverb para criar uma ambiência que acaba padronizando o tom do disco por inteiro, ou então porque as músicas, apesar das diferentes abordagens, convergem para o mesmo lugar.

Selo: 10k
Formato: LP
Gênero: R&B / R&B Alternativo
Marcelo Henrique

Graduando em Matemática Computacional pela UFMG e editor do Aquele Tuim, em que faz parte das curadorias de Pop e R&B e Soul.

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